“Em 2022 a indústria baiana vai crescer acima da média nacional”, afirma Ricardo Alban, Presidente da Federação das indústrias do Estado da Bahia – Fieb, a esta coluna. A previsão baseia-se no fim do efeito Ford, que deprimiu as estatísticas do setor, na retomada da produção da Fafen, maior fábrica de fertilizantes do Brasil, e, como já anunciado pelos novos controladores, no retorno à produção plena da Refinaria de Mataripe, que representa cerca de 30% do PIB industrial e vinha operando com capacidade ociosa. Aliás, com relação à privatização da RLAM, ele diz que não se pode discutir o assunto na base em ideologia, mas, sim, verificando questões práticas que mostravam uma planta trabalhando a baixa capacidade, sem novos investimentos e com equipamentos logísticos subutilizados.
Outros setores industriais devem crescer e Alban acredita que as obras da ponte Salvador-Itaparica serão iniciadas em 2022, o que vai resultar em novas demandas para o setor. Mas a indústria baiana ainda tem muitos desafios, a começar pela reedição pelo presidente Bolsonaro da MP que revoga o Regime Especial da Indústria Química (REIQ). A medida vai prejudicar a indústria petroquímica baiana e o surpreendente, segundo o presidente da Fieb, é que o assunto já havia sido resolvido no âmbito do Congresso Nacional com o fim gradual do benefício que se enceraria em janeiro de 2025.
A FIEB espera que a ação da bancada baiana no Congresso lute pela não aprovação da medida, questionando, inclusive, a constitucionalidade de uma MP sobre assunto já deliberado pelo Congresso. É por essas e outras que ele defende a recriação do Ministério da Indústria e Comércio, que foi extinto no governo Bolsonaro, e deveria ser o interlocutor do setor e estabelecer uma política industrial que faz imensa falta ao país. Aliás, o Presidente da Fieb informou em primeira mão a este colunista que as federações que representam os empresários baianos – FIEB, Fecomércio, FAEB – preocupados em defender os interesses da economia baiana estão preparando documento que será entregue aos pré-candidatos à Presidência da República já no próximo mês de fevereiro para que os pleitos da Bahia possam ser incluídos nos programas de governo.
Quando se fala em perspectivas para a indústria baiana, o presidente da FIEB, destaca imediatamente a existência do Senai/Cimatec, o centro de pesquisa que pode ser considerado uma vantagem comparativa da Bahia no âmbito tecnológico e industrial. E cita como exemplo o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19, cuja a aplicação da primeira dose ocorre exatamente nesta quinta-feira (13) em Salvador, com a presença de vários ministros. Dá vontade de dizer que é uma vacina baiana, mas, na verdade, o desenvolvimento do imunizante, conduzido pela Senai/Cimatec, é uma parceria com a empresa americana HDT Bio Corp, com financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Mas o centro de pesquisa possui plataformas para o desenvolvimento de várias áreas desde remédios biológicos, inclusive oncológicos, passando pelo setor de gás e petróleo e pelo complexo automobilístico, pois, embora a Ford tenha ido embora, ainda existe 800 engenheiros trabalhando em projetos do setor.
São boas, portanto, as perspectivas de crescimento da indústria em 2022, mas como alerta o Presidente da Fieb, isso depende também do desempenho da economia nacional.
A ECONOMIA E O PORTO DE SALVADOR
A Bahia e o Nordeste tornaram-se players em energia renovável e o crescimento desse setor gera dinamismo em outros setores. Em 2021, por exemplo, o Terminal de Cargas de Salvador registrou um crescimento de 10% na movimentação de cargas, atingindo o maior volume já movimentado e um dos destaques foi o crescimento de 78% das importações do setor de energia. Também os trilhos da Ferrovia Oeste-Leste e produtos petroquímicos chegaram pelo Porto de Salvador. E no âmbito da exportação saem pelo terminal produtos da construção civil, pneus e sucos e polpas de frutas. E agora o Porto de Salvador pode receber, simultaneamente, dois navios New Panamax, os maiores porta-contêineres do mundo.
Fonte: Bahia econômica
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